Acabou o carnaval e agora não restam mais desculpas: começa definitivamente o ano para quem vai prestar vestibular ou fazer o Enem. O G1 ouviu alunos que garantiram boas colocações nas melhores universidades do país para descobrir se há segredos que podem ser compartilhados.
Com base na trajetória dos estudantes, o G1 reuniu seis dicas essenciais que respondem às perguntas abaixo:
- Basta estudar durante a aula?
- Vale a pena excluir as redes sociais?
- Devo fazer simulados fora de casa?
- Redação ainda é mesmo essencial?
- É possível estudar sozinha com videoaulas?
- Devo apenas ler conceitos ou resolver exercícios?
Estude além do cursinho ou da escola
Para conseguir ser aprovada no curso de biologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e de ciência e tecnologia na Universidade Federal do ABC, Iryna Miréia, de 20 anos, ex-aluna da rede pública, conta que precisou estudar além das aulas do cursinho. Foram dois anos no Maximize, mas no primeiro, ela diz que não estudou muito, estava dispersa e em dúvida sobre a escolha do curso: jornalismo ou biologia.
"No ano passado decidi por biologia e tive foco. Comecei a frequentar os plantões dos cursinhos, estudar além do horário das aulas. Passava o dia estudando, porque estava desempregada", lembra.
Iryna conta que não conseguia estudar em casa porque se distraía, então ficava muito no cursinho, as aulas começavam só à noite, mas às 12h já ia para lá ou ia para uma biblioteca perto da sua casa na Vila Maria, na Zona Norte de São Paulo. Em setembro, quando começou a trabalhar, estudava também enquanto estava no transporte público.
O esforço valeu a pena. A estudante viu a nota da redação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) subir de 540 para 920, em um ano, e atingiu a meta de ver o nome da lista de aprovados das principais universidades públicas do país.
Exclua as redes sociais
Para Michael Sanches, de 19 anos, a aprovação no curso de letras da USP só foi possível porque ele passou um ano focado nos estudos sem usar redes sociais.
"Exclui Facebook e Instagram do meu celular para não cair em tentação e foi essencial porque se você está com o celular do lado e aparece uma notificação desses programas, não tem como não verificar", conta Michael. Ele diz que só usava o WhatsApp para se comunicar com a família para "assuntos urgentes."
"O estudante tem de por na cabeça é abdicar das redes é algo temporário, que vai trazer frutos para um bem maior."
Mas sair das redes e não estudar também não adianta. Michael lembra que estudava de segunda a segunda, sem trégua. De segunda a sexta-feira ficava das 7h30 às 19h no cursinho. À noite, em casa, jantava e lia o noticiário ou alguma obra da lista obrigatória dos vestibulares. Aos sábados e domingos, fazia simulados em casa e treinava redação.
"Valeu a pena porque sempre foi meu sonho estudar letras, sempre gostei de ler e escrever. Pretendo dar aulas, me aprofundar no latim e seguir carreira acadêmica."
Faça simulados conceituados
Os simulados são ótimos testes para quem vai enfrentar o vestibular. Mesmo para aqueles ainda estão no primeiro e segundo ano do ensino médio e ainda são treineiros. Adriana Mayumi Shiguihara, de 17 anos, aluna do Objetivo, aprovada em matemática na Universidade de São Paulo (USP) fez vários deles.
"É muito importante fazer simulados, mas é importante procurar os bem conceituados, pois dá ideia de como vai se sair na hora que for pra ver. Sem simulado ficaria bem desorientada. Também é importante olhar provas anteriores e as notas de cortes e ter uma boa autoavaliacao."
Adriana lembra que é importante fazer os simulados fora de casa, aplicados por ONGs e instituições de ensino. "Em casa não tem pressão e você faz em um horário mais confortável. Até vale a pena fazer em casa para conhecer o estilo de prova, mas só nos simulados abertos dá para sentir o clima de como vai ser na hora."
Invista em redação
Felipe Gomes de Melo, de 18 anos, gosta de exatas, mas se preocupou em estudar português e se preparar muito para redação. "Na Fuvest, é um quarto da nota. Tirei 860 na redação do Enem, foi fruto de bastante suor porque não era meu forte." Felipe passou em engenharia mecatrônica na USP.
"Tinha aula de redação dois dias por semana. Em casa, fazia mais uma e levava para o professor corrigir. Pegava temas de grandes vestibulares e também escrevia sobre assuntos do momento. Cheguei a escrever sobre intolerância, preconceito, pílula do câncer... Redação é o mais importante para estudar, tem de estar afiado."
Felipe diz que se prepara para o vestibular desde o primeiro ano do ensino médio, no Colégio Etapa. Nos primeiros anos, estudou muito matemática, física e química e "não era um peso porque eu gostava", depois seguiu para as outras matérias.
Ele e os irmãos - são trigêmeos - também estudavam juntos, mas segundo ele, não é todo mundo que consegue, pois fica mais fácil desviar a atenção.
Assista videoaulas
Ana Livia Santana, 18 anos , está de malas prontas para deixar Teresina, no Piauí, rumo a São Paulo. Ela foi aprovada no curso de administração da USP. Para conseguir realizar o sonho, estudou sozinha, em casa, conciliando o curso de administração na Universidade Federal do Piauí, que agora está trancado, e um estágio na área.
Apesar de já estar na faculdade, Livia não desistiu de estudar na USP, por isso usou apostilas de cursinhos e videoaulas preparatórias para o vestibular da Fuvest disponíveis na internet para estudar sozinha. Como não tinha muito tempo livre, costumava estudar de madrugada.
"Aqui no Piauí, os cursinhos são mais focados no Enem, e eu queria algo mais voltado para a Fuvest. As videoaulas me ajudaram bastante porque era a maneira mais próxima de estar perto do professor."
Livia conta que fez um planejamento, procurou canais na internet que davam mais aprofundamento em ciências humanas. "Eu assistia os vídeos das aulas e depois fazia os exercícios. Conhecer as questões do vestibular que você vai faze também é importante."
Treine com muitos exercícios
Julia Maria Malnarcic, de 17 anos, teve o privilégio de escolher estudar na USP, Unesp ou Unicamp. Ela passou no curso de odontologia nas três universidades públicas mais prestigiadas do país, e optou por se matricular na USP.
A futura dentista concluiu o ensino médio regular em uma escola privada de Curitiba e não fez cursinho. "Tive uma rotina de estudos rigorosa. Além das aulas, eu estudava de 5 a 6 horas em casa todos os dias, incluindo fins de semana e feriados. Fiz também curso semanal de redação, mas a melhor forma de estudo que encontrei foi através da resolução de inumeros exercícios de todas as matérias, sem distinção."
Fonte: G1
Quando chegava em casa, Julia revisava a teoria das aulas e depois partia para os exercícios da apostila e das provas anteriores da USP, Unesp e Unicamp. "Resolvia exercícios de todas as matérias, inclusive daquelas que não me despertavam tanto interesse", diz.
Para os alunos que vão prestar vestibular, Julia lembra que não é necessário se desesperar. "Calma na hora dos estudos e da prova é fundamental. Ter confiança em si mesmo é meio caminho andado para a aprovação!"