As novas evidências sobre o mensalão

As novas evidências sobre o mensalão


As novas evidências sobre o mensalão

 

A fantástica história do maior escândalo de corrupção já descoberto do país, conhecido como mensalão, veio a público em junho de 2005, pela voz do vilão e ex-deputado Roberto Jefferson. O governo quase ruiu. Seu líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que devia desculpas ao país. Os dirigentes do PT caíram um após o outro, abalroados pelas evidências de que, aquela não era uma história de ficção: Era tudo verdade.

Sobrevieram as investigações de uma CPI e a enfática denúncia do procurador-geral da República, que qualificou o grupo como uma “organização criminosa“, liderada pelo Petista José Dirceu. Os anos passaram, e a memória dos fatos sumiu lentamente. Dirceu começou a declarar que não houve compra de votos. Petistas disseram que o esquema não fazia sentido, uma vez que como eram governistas, não precisariam receber dinheiro para votar com o governo - esquecendo que o valerioduto também contemplava o pagamento de campanhas políticas com dinheiro sujo. Quando estava prestes a terminar o seu mandato, Lula avisou aos petistas: “O mensalão foi uma farsa. Vamos provar isso“.

Em Brasília, como se percebe, ele gira com especial rapidez.  José Eduardo Cardozo agora é ministro da justiça. Foi sob o comando dele que a Polícia Federal produziu sigilosamente um documento devastador, cujas 332 páginas resultam demolidoras para muitos dos próceres da República. Trata-se do relatório final, que encerra oficialmente os seis anos de extensas investigações conduzidas por delegados, agentes e peritos especializados no combate ao crime organizado. A peça está sobre a mesa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e já seguiu para o gabinete do ministro Joaquim Barbosa, o relator do caso no Supremo Tribunal Federal. A PF vasculhou centenas de contas bancárias, esmiuçou dezenas de documentos internos das empresas envolvidas no esquema e ouviu cerca de 100 testemunhas. Produziu-se esse minucioso trabalho por determinação do ministro. O objetivo era produzir provas acerca dos pontos que não haviam sido contemplados nas investigações da CPI dos Correios e da Procuradoria-Geral da República. Não há mais argumentos falaciosos, teses descabidas ou teorias conspiratórias que permitam ignorar os fatos colhidos pela PF.

 Derrubam-se, assim, os mitos que setores do PT, sobretudo sob a liderança moral e simbólica do presidente Lula, tentaram impor à opinião pública. O mensalão não foi uma farsa, como já demonstravam as investigações anteriores e agora se confirma cabalmente como relatório da PF, consiste no mais amplo e grave esquema de corrupção da descoberta no país. O significado político e simbólico do fim desse debate é enorme – e pode alterar os rumos do processo no STF, que até o momento tendia para uma vagarosa morte jurídica. Ao responder ao que lhe foi pedido, a PF avança ainda mais. Eis as principais descobertas expostas no relatório: Chegou-se finalmente ao elo mais bravo do esquema do valerioduto, a conexão com o ex-presidente Lula. Os peritos da PF rastrearam o envolvimento de mais grãos-político no esquema. Direta ou indiretamente, seja por meio de assessores ou de familiares, em campanhas políticas ou no exercício do mandato receberam dinheiro.

O Banqueiro Daniel Dantas que participava de uma das mais bilionárias disputas societárias do Brasil - e que, para resolver seus problemas, precisava desesperadamente de aliados no palácio do Planalto. Depois de se reunir com Dirceu, então o ministro da Casa Civil, Dantas recebeu de Delúbio um pedido especial de U$$ 50 milhões. Segundo a PF, a propina foi aceita.  São comprovadamente fajutos os empréstimos que, segundo a defesa de Marcos Valério, explicaram a origem do dinheiro. Apurou-se que houve duas fontes de recurso para bancar o mensalão e as demais atividades criminosas. Uma, a principal qualificada pela PF de “fonte primária”, consistia em dinheiro público, proveniente dos contratos dos publicitários com ministérios e estatais. A segunda fonte de financiamento, chamada de “secundária”, estipulava que Valério seria ressarcido pelos pagamentos aos políticos por meio de contratos de lobby com empresas dispostas a se aproximar da Presidência da República. Das dezenas de novos beneficiários identificados, o mais representativos é Freud Godoy. O segurança pessoal de Lula ficou conhecido na campanha de 2006, quando recebeu de Lula a alcunha de Aloprado, em razão de seu envolvimento com a turma que foi presa num hotel de São Paulo tentando comprar um dossiê contra o tucano José Serra. Freud não é apenas segurança de Lula, é amigo do ex-presidente.  Em 1998, Freud profissionalizou seus serviços e criou uma empresa. No escândalo dos aloprados descobriu-se que essa empresa, a Caso Comércio, recebeu R$ 98 mil da SMP&B, uma agência de Valério. Quando essa informação veio a público, Freud e Valério silenciaram sobre o motivo do pagamento. Restou a suspeita de que haveria alguma ilegalidade. Em suma: um amigo de Lula, que sempre prestou serviços a ele, recebeu dinheiro ilegal para pagar suas despesas trabalhando para o ex-presidente. Valério detinha uma capacidade espantosa de unir amigos e dinheiro. Sabiam como reunir os poderosos a exemplo de Fernando Pimentel. A PF, contudo, perseguiu a pista. Rastreando as contas do valerioduto, os investigadores comprovaram que o assessor de Pimentel recebeu um cheque de R$ 247 mil de uma das contas da SMP&B no Banco Rural.

O segredo para os investigadores desvendarem as engrenagens de lavagem de dinheiro armadas pela quadrilha, está nas contas dos publicitários que recebiam recursos do fundo VISANET. Ao analisar os milhares de transações bancárias do esquema, os peritos perceberam que a saída do dinheiro coincidia com a entrada de recursos desse fundo liberados pelo Banco do Brasil. Para os investigadores os destinatários foram indicados pela turma do PT do publicitário Marcos Valério. As provas reunidas pela PF constituem a última esperança do ministro Joaquim Barbosa e da Procuradoria Geral para que o supremo condene os réus do mensalão. Alguns ministros que em 2007 votaram por acatar a denuncia do Ministério Público, agora comentam reservadamente que as condenações dependem de mais provas. Hoje, portanto, o supremo se dividiu não se sabe o desfecho do processo. Sabe-se apenas que, quanto mais tempo transcorrer, maior a chance de absolvição dos mensaleiros.  

 

         Fontes da Revista Época

 

               Grupo Jornalt

 

Componentes: Caroline, Débora, Gilmara, Grasiele, Lysianne e Marilly.