“Santo já”

“Santo já”


“Santo já”

No domingo 1º de maio, um milhão de fiéis planejavam comparecer à praça de São Pedro para a cerimonia de beatificação do papa João Paulo ll, no processo mais rápido da história da igreja desde que novas regras foram instituídas por ele próprio, em 1983. Após sua morte, em 2005, outra multidão havia se reunido na mesma praça para relar seu corpo. Em meio a choros e rezas ouviram-se gritos de “Santo súbito”. “Quando há um clamor popular para considerar alguém um santo, o papel da igreja é apenas confirma-lo ou não como tal”, diz a irmã Célia Bastiana Cadorin. Ao ser reconhecido como beato, João Paulo ll está a meio caminho da canonização, tão logo foi escolhido como seus substitutos, Bento XVI ignorou a norma de que uma causa de santificação só pode ser aberta cinco anos após a morte do candidato. A execução já tinha sido adotada por João Paulo II a beatificar Madre Teresa de Calcutá, em 2003.

Pouco mais de 1 mês após a morte de seu predecessor, Bento XVII ordenou o início do Processo Diocesano, em que um tribunal é designado para ouvir testemunhas sobre a vida do alegado beato. O relatório é enviado ao Vaticano junto com documentos que comprovem suas virtudes e a fama de santidade. Um grupo de teólogos diz que se o parecer for favorável, à pessoa é concedido o titulo de “venerável”. Começa então um levantamento dos possíveis milagres. O caso é analisado por uma comissão medica para atestar a cura total de sua impossibilidade de acordo com a ciência. Depois, uma comissão de teólogos investiga se outros santos foram invocados ou apenas investigação. Finalmente, uma comissão de cardeais avalia o processo e o remete à aprovação do papa. Se o milagre for confirmado a pessoa entra na relação de beatos na Igreja Católica. A velocidade da santificação varia muito. Pio V levou 140 anos para ser canonizado, enquanto São Bernardino de Sena precisou de apenas 6 anos.

                A João Paulo II é atribuído o efeito de curar a freira francesa Marie Simon – Pierre da doença de Parkinson. Ela diz que rezava ao papa pedindo que a livrasse da doença que também o atormentara por anos. Dois meses após a morte do papa polonês, Marie teria acordado completamente curada. Os críticos da pressa na beatificação lembram que, como a freira ainda está viva nada impede que ela volte a ter os sintomas da doença, o que anularia o milagre. Bento XVI achou desnecessário esperar. Ele tem imitado a pratica de seu antecessor de produzir santos em série. Durante seus 26 anos de pontificado, o objetivo de João Paulo II era de democratizar a santidade católica nos quatro cantos do mundo, para mostrar que não existem só santos europeus. Antes de João Paulo II, o processo de canonização era caro e complexo, o que restringia as investigações. O papa diminuiu de 2 para 1 o numero de milagres necessários para a beatificação e permitiu que, além das pessoa que conviveram com o investigado, outras que ouviram falar de seus efeitos foram considerados testemunhas. Além disso, incentivou bispos a procurar por santos em seus países. A política de diversificação dos santos condiz com o ideal de expansão da fé católica professado por João Paulo II. Esforçou-se para trazer os jovens de volta à Igreja e lutou contra as ditaduras comunistas. Seu objetivo era tirar o Vaticano de seu pedestal e levá-lo às massas. Os planos de aproximação foram maculados pelos escândalos de pedofilia envolvendo padres. Sua beatificação é uma maneira de a Igreja Católica afirmar que, independentemente dos erros e dos acertos como chefe da instituição, João Paulo II foi um homem santo.

 

Fonte: Revista Veja

Componentes: Caroline Oliveira dos Santos

           Débora de Almeida Nunes

                                  Gilmara Rúbia Mendonça de Santana

                                            Grasiele Oliveira Conceição

      Lysianne Alves de Jesus

       Marilly Suzanny do Nascimento Siqueira

Equipe: Jornalt