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Como as novas mudanças no Enem afetarão às escolas


Semana passada, o MEC anunciou algumas mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), parte delas fundamentada na consulta pública, realizada em janeiro/fevereiro.

Para além das reportagens que relataram as mudanças, ficou a dúvida de como elas afetarão as escolas e os resultados dos alunos.

Este artigo é a primeira iniciativa neste sentido e no dia 23/03 (quinta-feira) realizaremos um evento online, quando especialistas no Enem irão discutir as mudanças e responderão às dúvidas do público (mais informações no final deste texto).

As mudanças e seus impactos

Ainda sem ter publicado o edital do Enem 2017, o MEC divulgou várias mudanças que já serão implantadas neste ano. O tema repercutiu na imprensa, porém passado alguns dias, foram substituídos por outros assuntos. Infelizmente, as escolas ficaram sem qualquer conteúdo que aponte claramente como essas mudanças irão afetar os resultados dos seus alunos no exame.
Neste contexto, a Meritt, startup responsável pela plataforma +Enem, produziu este artigo inédito, voltado a manter a diretores, coordenadores e professores bem informados. Cabe destacar que esta análise é fruto de diálogos que tivemos com diretores, coordenadores, professores e dirigentes de redes de ensino, aos quais somos muito gratos pela profícua discussão.

Para facilitar a identificação dos impactos que as mudanças promoverão, organizamos o conteúdo no quadro abaixo. Na sequência apresentamos os argumentos para cada uma das nossas conclusões.

Mudanças no Enem 2017 e seus impactos na escola

Tópico Enem anteriores Enem 2017 Impacto para a escola
Aplicação Sábado e domingo Dois domingos consecutivos Queda na taxa de participação
Caderno de provas 1ºdia: CH e CN

 

2ºdia: RD, LC e MT

1ºdia:  RD, LC e CH

 

2ºdia:  MT e CN

Queda nas médias de Matemática e Ciências da Natureza
Ranking Enem Divulgação de médias por escola Sem divulgação de médias Maior utilização dos microdados e valorização dos resultados de aprovações
Certificação Válido para certificação de ensino médio Sem função para certificação Engajamento dos alunos para a aprovação no 3º ano
Segurança Candidato informa a cor da sua prova  Cor da prova previamente identificado Redução no risco de anulação do exame
Tempo adicional  Solicitação no dia de aplicação Solicitação na inscrição e necessidade de documentação comprobatória Sem impacto
Isenção da taxa de inscrição Benefício concedido por autodeclaração e sem verificação Necessidade de comprovação Sem impacto

Queda na taxa de participação

A taxa de participação é calculada para os alunos que estiveram presentes nos dois dias de prova. Havendo uma semana entre a primeiro dia e o segundo dia de aplicação, os alunos terão mais tempo para consultarem gabaritos não oficiais e (erroneamente) concluírem que não foram tão bem nas provas de Linguagens e/ou Ciência Humanas e com isto desistirem de participar no segundo domingo. Mesmo o aluno que se propõem a não calcular seus acertos, uma semana será muito tempo para sustentar a promessa.

Queda das média em Matemática e Ciências da Natureza

É notória a dificuldade dos alunos brasileiros com as disciplinas de matemática, física e química. Com presença de muitos itens dessas disciplinas em um mesmo dia de prova, certamente os alunos terão maior dificuldade de resolver todos os itens no tempo disponível. Consequentemente, a taxa de acertos será menor  e portanto as médias irão cair.
Porém, as notas máximas nestas áreas provavelmente serão maiores. Pela TRI, no cálculo do valor do item, um parâmetro importante é a taxa de acerto (nível de dificuldade). Itens mais difíceis tendem a ter valores mais altos na escala. Como em 2017 teremos itens com posições mais altas na escala, o aluno que “fechar” a prova receberá como nota o valor do item mais alto, consequentemente as maiores notas serão maiores que os anos anteriores.

Maior utilização dos microdados

Atualmente, há três divulgações de resultados no Enem. O individual de cada candidato, a média por escola e os microdados. A divulgação pública das médias por escola, levou a produção de rankings, tendo em vista o interesse da sociedade e em especial dos pais, ter um parâmetro de comparabilidade entre as escolas. Como a divulgação do resultado individual é restrita, a única fonte pública de dados sobre o desempenho das escolas será a base de microdados, cuja a divulgação é obrigatória pela Lei de Transparência. Através deles será possível calcular a média de qualquer escola, além de detalhar o rendimento dos alunos por competência, habilidade e item.

Valorização dos resultados de aprovação no Sisu e vestibulares

Com a ausência pública de médias por escola, os pais irão buscar outros indicadores para avaliarem as escolas. É grande as chances de que o número de aprovações no Sisu e vestibulares passem a ser um dos parâmetros de comparação entre as escolas. Neste sentido a página de aprovação no site da escola será muito valorizado.

Maior engajamento dos alunos para a aprovação no 3º ano

Para a grande maioria dos alunos de escolas privadas era bem factível obter o mínimo de 450 pontos em cada uma das áreas do conhecimento e assim ter a certificação de ensino médio. Essa possibilidade, instigava alguns alunos a não direcionarem esforços para a aprovação no colégio ao final 3º ano do ensino médio. Sem este recurso de certificação, a aprovação no colégio será a única alternativa de conclusão do ensino médio.

Redução na probabilidade de anulação do exame

No Enem 2016, chamou a atenção a prisão de membros de quadrilhas que repassava a candidatos o gabarito das questões, a partir da resolução de uma prova. Na maioria dos casos a prova foi obtida após o período mínimo para a saída com o instrumento. Mesmo que a cor da prova obtida não coincidisse com a cor de prova do candidato, bastava o candidato informar outra cor no seu cartão de respostas. A impressão da cor de prova no cartão de respostas, reduzirá o uso desse tipo de fraude e por consequência a probabilidade de anulação do exame por fraude.

Atendimento especializado: sem impacto

Não há dados sobre o perfil de candidato que solicita extensão do tempo para a resolução da prova. Pelos editais anteriores, candidatos com alguma deficiência, pode no momento que antecede a prova, solicitar o tempo adicional de até uma hora. Houve rumores de candidatos sem deficiência que solicitavam o tempo adicional e desta forma teriam mais tempo para cada item. Provavelmente, o uso deste artifício é limitado e a obrigatoriedade de envio de documentação comprobatória da deficiência, irá reduzir as chances deste tipo de fraude.  

Isenção na taxa de inscrição: sem impacto

Anteriormente, a solicitação de isenção na taxa de inscrição ocorria por autodeclaração do candidato sobre a sua ausência de condições financeiras. Agora, durante a inscrição o candidato solicitante deverá enviar documentação comprobatória, que será avaliada pelo Inep.
Para os alunos cursantes de ensino médio em escola pública ou bolsistas em escola privada, continuam as mesmas regras de isenção da taxa de inscrição.

Fonte: Maisenem Meritt

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