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Projeto de Produção Textual


Projeto de Produção Textual

 

Professor (orientador): Ricardo

Aluno: Rafaela Tavares

Série:       Turma: B

 

 

 

Um anjo e um diabo

     

 Aquela noite era fria, triste; o relento me deixara agoniada e meio doentia com a situação. Olhava os lados com uma velocidade que se comparava a velozes carros de corrida. Só poderia ser uma coisa para me deixar daquela maneira: o MEDO. O único sentimento que, a meu ver, me deixava com uma desconfiança avassaladora. Pois bem, respirei fundo e rezei para tudo aquilo passar rapidamente. Fechei meus olhos com uma força que nunca imaginara ter. Acordei às 12:00 horas. ‘’Nossa, dormi demais’’ pensei alto. Mas, além desse, outros pensamentos me fizeram refletir. Como? Por quê? Onde aconteceram todas aquelas imagens vivenciadas na noite passada? Será que tudo aconteceu neste quarto pouco iluminado? Era difícil de acreditar, não poderia ser apenas um sonho qualquer; as emoções, os movimentos eram reais e tão vivos.

Tentei me esquecer daquilo, me distrair com livros de ficção científica; eles me deixavam com novas ideias e o melhor, me faziam relaxar. Precisava de um descanso do mundo. Depois de horas, a noite, enfim, chegara. Não sabia se ficava feliz em poder descobrir o porquê daquela viagem, ou temerosa ao relembrar o que havia acontecido de tão medonho. Fiz o que achava mais adequado, deitei na pequena cama desarrumada e fechei os olhos. Em alguns instantes mergulhei em um sono profundo, tão profundo que sentia meus próprios suspiros. Pareciam incomodantes para quem os ouvia de fora. Nesse momento, reparei que eu não era eu, algo de mim havia deixado aquele corpo barulhento esparramado no pequeno beliche. Algo estranho, pois nunca senti uma sensação tão leve. Caminhei pelos cômodos da casa, mas nada de anormal estava acontecendo. Retornei ao meu quarto e reparei no jogo de luzes debaixo da cama.

Comecei a olhar fixamente para aquilo. Era algo tão colorido, tão cheio de vida... e VIDA era o que eu mais precisava naquele momento. Corri desesperadamente para o chão empoeirado e de repente cai em outra dimensão; sim, acho que posso citar esse substantivo, pois tudo era diferente do habitual. A gravidade era completamente peculiar; os corpos eram elevados e não se fixavam ao chão. As pessoas me fitavam com olhos cheios de desprezo e inveja. Tentei fazer o mesmo, tinha que me igualar aos demais. Mas, um desses seres começou a me observar com outros olhos; me senti perseguida e aquele mesmo sentimento da desconfiança começou a dominar todo o meu ser. Todos os sentimentos vivenciados naquela noite retornaram e se duplicaram, mas um novo surgiu: o prazer.

 Virei-me e vi todo o meu paraíso, o que eu mais havia sonhado em ter, uma pessoa exatamente linda e atraente. Meu coração começou a disparar avassaladoramente. ‘’Eu ainda tenho coração?’’ Pensei rápido. Tentei disfarçar meu rosto que ‘’babava’’ pela beleza do moço alto, branco e de olhos claros. Mas o mesmo nem se preocupou em olhar para mim do jeito que eu esperava que olhasse. A decepção foi outra reação que me dominou. A beleza dele era viciante e controladora; precisava daquilo mais e mais, como uma droga. Não quis pensar como iria voltar a minha antiga vida, não queria saber se eu estava viva ou morta, só pensava em quando iria reencontrar o meu novo vício. Pensei durante horas e consegui encontrar uma solução para amenizar essa indecisão. Os meus pensamentos eram como os de um anjo e de um demônio, mas os que predominavam eram os mais maléficos possíveis. Achei que era aquela dimensão que estava me transformando em algo ruim.

Rezei para que o meu plano funcionasse. Precisava vê-lo rapidamente, o vício era asfixiante. Consegui chamar a atenção de todos e principalmente dele, a minha droga. Quando ameacei lançar-me para um buraco negro, nada me interessava, só um rosto maravilhoso e dócil olhando fixamente para o meu, nada mais perfeito comparado ao dele.

Foi a única lembrança que consegui ter da última noite. Quando acordei, vi aquele lindo rosto novamente, os meus olhos ainda estavam fechados, sonolentos. Consegui abri-los e encontrei na minha vista o meu livro de ficção científica com uma capa mais bela que as demais, era o rosto do meu ser perfeito. O meu vício havia me traído, era apenas um personagem, um ser inventado pelo meu compulsivo gosto por leituras e pelo meu fanatismo por heróis de ficções. Quando pisquei, senti pingos de água caindo dos meus olhos. Mais uma ilusão, mais uma frustração para um ser se descobrindo, outra decepção para uma adolescente comum.

 

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